EMBURRECIMENTO PROGRAMADO

John Taylor Gatto, escritor do livro “Emburrecimento Programado: o currículo oculto da escolarização obrigatória”, lecionou por mais de 30 anos em salas de aula em todo estado de Nova York.

Em sua polêmica e excelente literatura, o escritor afirma que: “A lógica do pensamento escolar é de que os alunos cumpram com o currículo básico da escolarização obrigatória, que também é composto por um kit de  jargões superficiais derivados da economia, ciências naturais, sociologia e etc. – do que por um entusiasmo genuíno acerca de cada tema abordado.” Tal crítica se faz necessária devido as estratégias do sistema que tem por finalidade o treinamento e emburrecimento das massas.

“O OBJETIVO DA EDUCAÇÃO TOTALITÁRIA NUNCA FOI INCUTIR A CONVICÇÃO, MAS SIM DESTRUIR A CAPACIDADE DE FORMÁ-LA.” (Pág. 31)

No decorrer do livro, o autor nos mostra sobre as sete lições que estão emburrecendo nossas crianças. São elas:

  1. CONFUSÃO

Os conteúdos nas escolas são confusos, não tendo, necessariamente, início, meio e fim, pois as aulas são muito fragmentadas acarretando em uma falta de unidade entre si ou um excesso das informações que não são totalmente compreendidas pelos alunos. John também explica que o ser humano busca um sentido na vida – que é a sua principal e mais importante característica – e a educação escolar não os proporciona isso.

“Poucos professores ousariam fornecer ferramentas pelas quais o aluno poderia criticar os dogmas da escola ou dos professores, dado que tudo precisa ser aceito.” (Pág 43)

“Por trás da colcha de retalhos das sequências escolares e da obsessão da escola por fatos e teorias, a milenar busca humana por sentido está totalmente oculta.” (Pág. 43)

2. POSIÇÃO DE CLASSE

Na segunda lição o autor fala acerca da obrigatoriedade de os alunos sentarem onde exatamente o professor os designa. Sendo assim, durante todo o ano letivo, os alunos são ensinados a “terem seu lugar”. Mas então imagine uma criança, que durante todo o ano foi ensinada a saber qual é o seu lugar. Isso nos revela que tal prática, implicitamente, induz a criança a não agir fora “dos conformes”, ou seja, a não ter a capacidade criativa de inovar e raciocinar.

Agora convido a você a refletir comigo de forma holística: Mediante ao que vimos até aqui, torna-se muito conveniente para ditadores terem súditos que acreditem em tais práticas, posicionamentos e pensamentos, não acha?

3. INDIFERENÇA

Todo professor exige que seus alunos estejam atentos, concentrados e envolvidos em cada uma das aulas, porém por apenas aquele curto espaço de tempo pré determinado para aquela aula. Ou seja, por mais que os alunos se esforcem para se envolver com o conteúdo da aula, no exato momento em que sino bater, eles precisam se desapegar ao conteúdo anterior e rapidamente se concentrar no próximo.

Não há sentido algum o ensino ser ministrado dessa forma às nossas crianças, pois elas não conseguem criar um interesse genuíno por qualquer que seja a matéria.

“Os sinais destroem o passado e o futuro, tornando cada intervalo de tempo idêntico ao anterior, assim como um mapa torna cada montanha e rio vivos idênticos a quaisquer outros, embora não sejam. Os sinais inoculam a indiferença em todas as atividades.” (Pág. 45)

4. DEPENDÊNCIA EMOCIONAL

Nessa lição, o autor nos mostra o quão vulneráveis (a todo momento) nossas crianças estão, devido aos sinais de aprovação concedidos ou não por pessoas credenciadas pelo Estado. 

Tais aprovações e direitos são cedidos ou revogados conforme o “entendimento” do professor, seja na esfera educacional (em suas notas) ou na esfera pessoal (relacionadas as próprias opiniões e convicções).

“Direitos podem ser cedidos ou negados por qualquer autoridade sem a possibilidade de apelação, porque os direitos não existem dentro de uma escola – sequer o direito à liberdade de expressão […].” (Pág 46)

5. DEPENDÊNCIA INTELECTUAL

Em sua quinta lição, John nos faz enxergar e analisar que para o sucesso da coletivização – ou seja, o fracasso da família e o fracasso da individualidade – a escola torna-se cada vez mais dogmática (com mais horas, mais regras e mais controle) e ao mesmo tempo as famílias tornam-se cada vez mais relapsas.

A dependência intelectual também acarreta no condicionamento, por parte dos alunos, a depender de algum “superior” sempre lhes dizendo o que deve ou não ser feito. A consequência desse método de ensino produz adultos inseguros e imaturos que acreditam sempre precisar de alguém mais “capacitado” a lhes direcionar e até mesmo lhes dizer qual o sentido (propósito) de suas vidas.

A pergunta que não quer calar: Tudo que acima foi lido, não lhe parece familiar?

6. AUTOESTIMA PROVISÓRIA

Essa lição pode ser facilmente entendida pelas seguintes citações:

“Construímos um estilo de vida que depende de que as pessoas continuem fazendo o que lhes mandam fazer por não saberem como dizer a si mesmas o que deve ser feito.” (Pág. 48)

“A lição dos boletins, notas e provas é a de que as crianças não devem confiar em si mesmas ou em seus pais, mas, em vez disso, deveriam confiar em autoridades credenciadas. É necessário que se diga às pessoas o valor que têm.” (Pág. 49)

7. NÃO É POSSÍVEL ESCONDER-SE

Nesse tópico, o autor denuncia a vigilância constante e a negação da privacidade que toda criança precisa para acessar sua originalidade e criatividade. Pois sendo constantemente controladas a seguirem um padrão de normas e comportamentos, sua capacidade de inovar e criar reduz drasticamente.

“Talvez fôssemos capazes de enxergar se nos reapoderássemos de uma filosofia que situa o sentido onde genuinamente se encontra o sentido – na família, nos amigos, na passagem das estações, na natureza, na curiosidade, generosidade, compaixão, em servir aos outros, em uma privacidade e uma independência dignas, em todas as coisas que custam pouco ou nada e com as quais se constrói verdadeiras famílias, amizades e comunidades – seríamos, então, tão auto suficientes que sequer precisaríamos da ‘suficiência’ material com que nossos ‘especialistas’ globais insistem tanto que nos preocupemos.” (Pág. 53)

Sara Matsuda

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